quinta-feira, 9 de junho de 2011

A domesticação do trabalhador

Indignação é a palavra que resume o sentimento de qualquer ser humano critico que teve o prazer, ou melhor, o desprazer ao assistir uma das séries das reportagens sobre o Mercado de Trabalho exibida no Jornal Hoje dia 06/06 da nossa querida, ilustríssima Rede Globo (só pra variar).
           
A reportagem inicia falando sobre os diferentes tipos de chefes: mal humorados, manipuladores e por aí vai... Assim o objetivo principal de toda essa “análise” é ensinar o empregado em como lidar com seus chefes, respeitando-os acima de tudo. Nesse sentido, é visivelmente clara a idéia de domesticação do trabalhador encontrada no cotidiano das relações capitalistas de exploração do trabalho, e como se não bastasse, essa idéia vem sendo reforçada pela mídia de modo escrachado.
           
A sociedade atual, conhecida como a “sociedade do trabalho”, na qual, é o centro da vida social de todos os indivíduos, se constitui de uma massa de trabalhadores domesticados, que não se reconhecem como sujeitos; quando uma de suas principais características é exatamente a idéia de obediência e não contestação, uma vez que, o sistema capitalista impõe ao trabalhador a necessidade de trabalhar para que se possa ao menos subsistir.

Nesse sentido, o trabalhador manipulado se vê num beco sem saída: “Preciso trabalhar porque preciso comer, então tenho que aceitar mesmo não concordando com algumas coisas“, ou seja, a domesticação do trabalhador vai acontecendo de forma gradual e intrínseca na sociedade, exemplo disso são essas reportagens ridículas que a grande mídia manipuladora transmite, reforçando cada vez mais esse discurso de “bom empregado”, que nada mais é, do que a alienação do trabalhador.
           
Durante a reportagem é feito o seguinte comentário: “O chefe ideal é o chefe participativo. Ele ouve as pessoas, aceita sugestões, argumenta, se posiciona, mas ao mesmo tempo dá oportunidades”, ou ainda "No sucesso somos todos ganhadores e no fracasso e no erro, todos perdemos, toda equipe, toda a empresa perdeu”, declara a especialista.

Como assim? Esse modelo de chefe ideal não existe e nunca irá existir! No sistema capitalista defende-se a idéia de formação da personalidade humana através do trabalho, que diga-se de passagem é trabalho forçado e alienado. Desse modo esse modelo de chefe participativo, que dá oportunidades e aceita sugestões, exposto na reportagem, é incoerente à ideologia do capital. E, se de alguma maneira, algumas ações políticas empresariais demonstram algum caráter humanitário, trata-se simplesmente daquela bela expressão que já discutimos aqui no Movimento Fronteira Zero: A Flexibilização das leis trabalhistas, que nada mais é, do que a idéia de crescimento econômico da empresa junto ao seu colaborador. Sim, colaborador é como atualmente é chamado o trabalhador. Que bonitinho... Agora o trabalhador tem participação no crescimento da empresa! É claro que sim, sabemos que o trabalhador participa e muito deste crescimento, com sua força de trabalho, mais valia e “bom comportamento”...


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