quinta-feira, 9 de junho de 2011

Para aqueles que fazem a história

Faltam três anos para o centenário do município de Foz do Iguaçu, noventa e sete anos de disputas, conflitos e exploração. A cidade cresce, ocupa os espaços, forjam novas ruas, novas praças, novas lojas. Sobre tijolos, sobre madeira, sobre papelão, cobertas de telhas de barro, coberta de lonas, casas, barracos, mansões, protegem os moradores do sol, da chuva, das mudanças do tempo, das mudanças do vento.

As paredes que separam o social do natural e que dividem os lugares e os lares também explicitam os limites da cidadania, da pobreza e da riqueza. Quando o processo de colonização do oeste paranaense levou consigo as regras do capital, plasmou um mundo de fronteiras e definiu um projeto de expansão excludente sustentado na exploração de uma força produtiva que constantemente é esquecida quando a história da cidade é narrada.

O pioneirismo das famílias empreendedoras, que exploram os recursos naturais existentes na região, é apresentado como sinal de bravura e ousadia, mas o suor daqueles que cortavam as árvores e serviam como força motriz de modelo extrator não é lembrado. Quem foram as Marias, Josés e Joãos que construíram as casas, que abriam as ruas, que ferviam a água do chimarrão? Onde estão os monumentos e as homenagens para aqueles que de fato construíram Foz do Iguaçu, os trabalhadores?

Celebramos a grandeza de nossa usina, as belezas de nossa natureza, o dinamismo de nossas fronteiras, celebramos os barrageiros que povoaram nossa terra, os piranhas que recebem nossos visitantes e os inúmeros trabalhadores da fronteira que movimentam a economia local e sustentam a economia formal de uma cidade construída e sustentada pelo exploração violenta do trabalhador, daquele que não controla suas horas, o seu esforço, que depende das políticas daqueles que elaboram políticas para continuarem unicamente fazendo políticas.

A história de Foz do Iguaçu é a história de seu povo, que trabalha e busca a sobrevivência dentro das poucas possibilidades existentes. Que busca e usa da criatividade e da flexibilidade para tirar de suas particularidades regionais os seus meios de vida e de crescimento. E na labuta diária, nas lutas e conflitos, na busca pela sobrevivência, desenha os traços que definem a cidade, o cotidiano que vivemos. A história de Foz é a história de seu povo. Povo que precisa se reconhecer como protagonista de um projeto de mudança.  


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