O papel do Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco na história do Brasil é impar, pois ele talvez seja um dos principais responsáveis pelos caminhos políticos do país e, diga-se de passagem, não por aquilo que ele fez, mas por aquilo que deixou de fazer.
Castelo Branco foi o primeiro presidente do regime militar instaurado pelo golpe em 1º de abril de 1964 e representava o grupo dos “democráticos”, ou seja, dos militares que acreditavam em uma rápida intervenção militar na política brasileira seguida do rápido retorno à “democracia”.
O golpe de 64 já estava sendo conspirado desde 1962 contra João Goulart, que daria início a algumas reformas básicas das quais a elite brasileira não compartilhava. Castelo Branco servindo aos interesses dos EUA, e com uma relação estreita com o embaixador dos Estados Unidos Lincoln Gordon que serviu de aparato para o golpe militar em abril de 1964.
Na sua concepção, a intervenção era necessária para evitar a expansão das ideologias de esquerda, pois para ele a guerra revolucionária era “uma luta de classes, de fundo ideológico, imperialista, para a conquista do mundo”, configurando-se como “uma ameaça para os regimes fracos e uma inquietação para os regimes democráticos”.
Não suficiente, ele afirmava que a guerra fria tinha sido concebida por Lênin, visando “continuar a revolução mundial soviética”. Neste sentido, ela seria “uma verdadeira guerra global não declarada”, obedecendo “a um planejamento” e com objetivos “a conquistar, desperta entusiasmo e medo em grupos sociais e reações contrárias na opinião pública”. Com esse discurso de “revolução mundial soviética”, elaborado pela embaixada dos Estados Unidos da América, e assim ter uma justificativa para tomar o governo brasileiro, e não somente no Brasil como nos outros paises da América Latina.
Contudo, defendendo os ideiais norte americano, não tendo uma posição ideológica, pois ainda defendia os interesses dos Estado Unidos da América, por tanto não foi suficiente para garantir sua manutenção no poder. Os militares que buscavam uma radicalização do golpe desejavam mais espaço de atuação. Assim, os aliados ao General Costa e Silva foram disputando posições no interior do regime e preparando a sucessão de Castelo Branco.
Devido a postura de Costa e Silva, que era defensor de uma maior perseguição, Castelo Branco era receioso quanto a possibilidade de Costa e Silva ser o seu sucessor. A preferencia do Marechal Castelo Branco era o nome do General Ernesto Geisel.
Todavia, buscando evitar um racha no interior do regime, que poderia comprometer a suposta “soberania nacional”, ele cede e o General Costa e Silva torna-se o segundo presidente após o golpe. Um fato decisivo na história nacional. Com a vitória dos “costistas”, o regime militar fica rigoroso, implanta o AI-5 e extendendo o regime por mais de vinte anos!
As “teorias da conspiração” indicam que a posição “mais democrática”, porém nunca foi democrática, massacrou os movimentos estudantil, sindical, sociais e os verdadeiros militares democráticos foram presos por ordem de Castelo Branco. Logo após deixar o poder, o marechal morreu em um acidente aéreo sem explicação. No dia 18 de julho de 1967, um caça da FAB atingiu a cauda do avião no qual Castelo Branco viajava, fazendo com que caísse e deixa-se apenas um sobrevivente, que não seria o ex-presidente!
Para finalizar, antes de pensarmos na suposta bondade de Castelo Branco, é preciso observar que, embora ele fosse contra a radicalização do regime, o marechal liderou um golpe para impedir o fortalecimento dos movimentos populares no Brasil por meio de uma ideologia não sustentável, amarrada a interesses estrangeiros.
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