Karol Assunção
Jornalista da Adital
Repressão policial. Essa é a resposta dada às manifestações de alunos e professores hondurenhos que lutam contra a privatização da educação pública em Honduras. As mobilizações deste mês já resultaram na morte de uma professora, em dezenas de feridos e em pelo menos 20 educadores/as presos/as. A manhã de hoje (28) foi marcada por nova onda de violência. Desta vez contra o povo garífuna, que realizava ações em apoio às manifestações dos professores e da população hondurenha em resistência.
Os protestos do povo garífuna também não saíram imunes à violência policial. Informações indicam que, na manhã de hoje, policiais desalojaram violentamente as mobilizações pacíficas que a população realizava contra a repressão cometida contra professores e hondurenhos em resistência. Além de apoiar as manifestações hondurenhas, os garífuna ainda pediam respeito aos territórios ancestrais e à comunidade de Triunfo de la Cruz.
A ação policial de hoje resultou na agressão e detenção de Miriam Miranda, identificada como líder garífuna. De acordo com notícias de defensoresenlinea.com, Miriam está em uma cela policial em Tela, no departamento de Atlântida.
Já faz mais de três semanas que docentes e policias hondurenhos se enfrentam em manifestações pelo respeito aos direitos dos/as professores/as e contra a privatização da educação pública. Na sexta-feira passada (25), uma decisão judicial enviou 20 professores para as prisões hondurenhas. Os 15 professores detidos foram para a Penitenciária Nacional enquanto que as cinco professoras foram para o Cárcere de Mulheres.
Os/as 20 docentes foram acusados de delitos por participação em manifestações ilícitas e, segundo informações de defensoresenlinea.com, o juiz responsável pelo caso "nem sequer abriu os envelopes que continham a informação documental sobre as situações dos/as imputados/as, mas que se limitou a dar por certo o que a polícia e a promotoria apontaram como delitos Associação Ilícita, Danos à Propriedade, Sedição, sem ter provas contundentes”.
A expectativa é que amanhã (29) aconteça uma audiência inicial na qual o juiz – que já foi acusado de parcialidade – anuncie a decisão de libertar ou não os/as docentes detidos/as.
Esses não foram os únicos casos de repressão ocorridos durante as manifestações dos profissionais da educação. Na semana passada, policiais entraram na Universidade Nacional Autônoma de Honduras (Unah) e lançaram bombas lacrimogêneas contra professores, estudantes, trabalhadores e familiares de alunos que estavam no local.
Em resposta, os atingidos jogaram garrafas e pedras para se defender dos ataques cometidos por policiais e militares que estavam de rostos cobertos. A ação resultou em 36 pessoas feridas e na detenção do estudante Gilberto Valladares.
No último dia 18, uma repressão parecida interrompeu a vida da professora Ilse Ivania Velásquez, quem, após ser atingida por uma bomba lacrimogênea, caiu no chão e foi atropelada por carro que tentava sair do confronto e não viu a docente por conta da nuvem de gás. O episódio aconteceu durante a ação policial contra manifestações de docentes nas proximidades do Instituto de Previsão de Magistério (Inprema).
Com informações de Defensoresenlinea.com, Resistencia Honduras e Kaos en la Red.
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