quarta-feira, 9 de março de 2011

Relatório alerta para situação de trabalho infantil no país

Karol Assunção
Jornalista da Adital

      "O trabalho infantil costuma associar-se a não inclusão educativa, à repetência e ao abandono escolar; todas situações que se consideram deficitárias em termos do direito à educação”. Isso é o que destaca o relatório "O trabalho infantil-adolescente e a reprodução das desigualdades sociais”, do Barômetro da Dívida Social da Infância, da Universidade Católica Argentina (UCA).
      Mesmo com leis e convenções que proíbem o trabalho de crianças e adolescentes, a atividade ainda é uma realidade nas cidades urbanas da Argentina. De acordo com a pesquisa, estima-se que 17% das crianças e dos adolescentes entre cinco e 17 anos que vivem na parte urbana do país trabalham ajudando os pais em atividades domésticas ou como empregados.
"Calcula-se que 6,9% realizam unicamente trabalhos domésticos como cuidar de irmãos, fazer a comida e atender diferentes aspectos do lar (limpar, arrumar as camas, fazer compras, lavar e passar), 8,7% realizam trabalhos não domésticos e 1,4% realizam ambas atividades, quer dizer, tarefas domésticas e não domésticas”, destaca.
       O estudo revela que o tipo de atividade exercida pela criança e pelo adolescente tem relação com questões como sexo e condição socioeconômica. Os meninos, por exemplo, possuem o dobro de chance de exercer atividades não domésticas do que as meninas. Elas, por sua vez, são maioria não só no trabalho doméstico, como também em realizar as duas atividades.
Segundo o relatório, a proporção de meninas e mulheres no trabalho doméstico é três vezes maior do que a dos homens, e 5,4% delas realizam atividades tanto domésticas quanto não domésticas. A porcentagem de meninos nas duas atividades cai para 1,1%.
      Diferença parecida acontece em relação ao estrato social. De acordo com estudo, quanto mais baixa a classe social, maior a probabilidade das crianças e dos adolescentes realizarem atividades domésticas e não domésticas.
        A preocupação com o trabalho infantil não é exagero. Além de crianças e adolescentes perderem a infância e a adolescência realizando tarefas destinadas a adultos, a atividade prejudica a formação escolar e o desenvolvimento pleno do indivíduo.
      "Conjectura que, no marco desses lares, o trabalho infantil contribui mais ainda para a reprodução da pobreza, tanto que a incorporação prematura de meninos e meninas ao mercado de trabalho aumenta a propensão ao abandono escolar, à circulação por processos de formação deficitários, assim como compromete sua saúde, tudo o que condiciona o desenvolvimento humano e social da pessoa e promove a reprodução inter-geracional da pobreza”, alerta.


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