segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

E o Turismo? Pra que Serve?

A região de fronteira é um local de intensa presença de turistas de diversas regiões do Brasil e do mundo. É fato rotineiro vermos a presença de turistas percorrendo as avenidas que ligam os atrativos da localidade, que se concentram em maior número no município de Foz do Iguaçu. Ao longo dos últimos anos, a cidade vem mantendo uma média aproximada de mais de um milhão de visitantes por ano, realidade que fez com que o município fosse reconhecido como “turístico”.
A importância da atividade fez com que a cidade desenvolvesse algumas supostas prioridades, como os corredores turísticos que ligam os atrativos do município. Este espaço foi estabelecido pelo poder público como tendo algumas características prioritárias em relação às demais avenidas da cidade, com tratamento paisagístico diferenciado, padronização de qualidade de calçadas e outros aspectos que são característicos somente nesses locais.
No entanto, o que queremos destacar neste texto é o contraste envolvido com esta realidade, onde os turistas são considerados prioridade e a comunidade local fica a margem dos benefícios gerados. O questionamento apresentado no título está presente na vida de muitos iguaçuenses, uma vez que não vêem o retorno direto da atividade. Isto é claro com exceção dos envolvidos de alguma forma com a atividade comercial que o turismo proporciona.
Tal questionamento se faz imprescindível em uma cidade onde além de “turística”, também sofre com problemas sociais que são conhecidos por todos. Dessa forma, partindo do pressuposto de que o Turismo quando trabalhado no formato de integração com a comunidade pode trazer soluções pontuais aos problemas sociais, é fundamental problematizarmos a maneira com que o Turismo em Foz do Iguaçu vem sendo conduzido.
É evidente que não podemos negar os benefícios gerados, pois o Turismo é uma atividade com participação relevante no PIB municipal, mas também temos que verificar os impactos ambientais e sociais que são gerados pelos mais de um milhão de turistas para, a partir disso, avaliarmos quem de fato está sendo beneficiado neste processo.
O que nos trás certa inquietação infere ao aspecto de indiferença do poder público para com as ações voltadas à comunidade, que por sua vez olha a sua volta e vê cada vez mais turista e uma cidade que cada vez mais sofre com as conseqüências da desigualdade social.
Uma ação do poder público de forma eficiente voltada a aspectos que venham buscar uma maior interação entre comunidade e turista, servindo de instrumento para distribuição dos benefícios gerados pela atividade turística auxiliando na erradicação das desigualdades sociais é um objetivo que os responsáveis pelo Turismo local necessitam ao menos colocar nas suas pautas de discussão.

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