Mais alguns dias e serão frequentes as reportagens, anúncios e propagandas sobre início das aulas, término das férias escolares e compra de material didático (...) quase sempre reforçados pelo discurso que afirma que a educação é um investimento para o futuro profissional e caminho para o sucesso.
O sucesso profissional é o jargão facilmente encontrado por aí, principalmente nos slogans das empresas do ramo da educação; dentre elas as escolas técnicas, faculdades, cursinhos pré-vestibular e, a febre do momento: cursinhos preparatórios para concursos públicos. Este, portanto se tornou na atualidade, um dos principais carros-chefes, produto de venda do ensino mercantilizado, ou ainda, do ensino voltado à formação de mão-de-obra.
Ok! Deixando a crítica desse pensamento um pouco de lado, em que a política pedagógica tem a alma de uma empresa de fast food, o Fronteira-Zero chama a atenção para o outro viés deste problema. Pois, numa sociedade em que a educação é apresentada como um caminho para o sucesso profissional, como conciliar essa ideologia com o ensino público desvalorizado? O aluno vê o seu professor como um profissional de sucesso, como um profissional valorizado?
Vamos refletir. O professor não é o profissional que primeiro se apresenta aos alunos, como aquele que estudou toda a vida para ali estar lecionando? Não é ele o profissional que deveria primeiro se apresentar valorizado por sua profissão, fruto de anos de estudo, e por isso, bem sucedido?
Desta forma, observando a lamentável situação em que se encontra o professor, talvez possamos entender um dos motivos que levam os alunos a desacreditar que o ensino abrirá as portas para o sucesso profissional.
Enquanto eles observarem o professor mal pago, muitas vezes desmotivado, sem apoio e estrutura para repassar o conhecimento, aliado às salas abarrotadas de alunos que facilmente dispersam a atenção, uma estrutura sucateada, uma biblioteca ruim e muitas vezes não frequentada, além de laboratórios (quando existem) sem utilização ou sem materiais. Ficará difícil convencer-lhes de que a educação é o melhor caminho a ser seguido.
Assim, o aluno não vê no professor o “sucesso profissional“ que ele poderia alcançar muito mais rapidamente, como, com o seu ingresso na marginalidade como no tráfico de drogas ou, mais especificamente aqui na fronteira, com o trabalho de atravessar mercadorias na Ponte da Amizade, muitas vezes, em ambos os casos, ganhando mais do que seu próprio professor.
Por estes motivos, acreditamos que o ensino não pode ter como único propósito o sucesso profissional, devendo ser ressaltado o seu papel fundamental na formação de cidadãos participativos, com opinião própria e conscientes da sua realidade. Aliada ao processo de valorização do professor, não apenas no seu aspecto econômico (melhores salários), mas sim na conscientização de que é uma figura essencial dentro da sociedade, que necessita de apoio para a sua formação e para desenvolver suas atividades.
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