segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Três Lagoas, Descaso e Desenvolvimento

            Como noticiou a “Gazeta do Iguaçu” no dia de hoje, milhares de pessoas foram ao balneário de Três Lagoas neste fim de semana no intuito de fugir do calor típico desta época do ano em nossa região. Entretanto, não é de hoje que a denominada Prainha recebe inúmeros visitantes e não é de hoje que ela se configura como um espaço de lazer importante para uma parcela da população iguaçuense, principalmente dos moradores que residem na suas proximidades.

            Todavia, o descaso com a estrutura do lugar é notório. Ao contrário das outras cidades banhadas pelo Lago de Itaipu, que tentam se beneficiar ao máximo de sua localização e do seu potencial turístico, Foz do Iguaçu simplesmente esquece a sua parcela do lago e também de seus rios. Com exceção das Cataratas do Iguaçu, principal atração da região, patrimônio da humanidade e explorada direta e indiretamente por diferentes grupos empresarias, em geral, a cidade cresce de costas para suas águas. Abandona sua população ribeirinha, não possui preocupação com o uso degradante dos seus recursos naturais e não insere adequadamente o meio ambiente em seu projeto de desenvolvimento.

            Olhando especificamente para o caso de Três Lagoas, observa-se o abandono e a falta de projeção naquilo que se refere à possível utilização de sua praia artificial e do seu papel na recepção dos visitantes que entram no município através da rodovia. É inquietante entrar em Foz do Iguaçu e visualizar os banhados que margeiam a BR-277 abandonados, acumulando lixo e animais peçonhentos. Já passou o momento da região ser vitalizada, utilizando dos recursos e do espaço existente para formar uma área de recreação e lazer, valorizando economicamente a região e oferecendo uma entrada mais adequada para o município.

            Exemplos disso não faltam no Paraná. Curitiba, Maringá, Londrina, Cascavel e Toledo urbanizaram partes de seus territórios oferecendo áreas verdes e lagos, melhorando a qualidade de vida de seus moradores e oferecendo um ambiente mais adequado para seus visitantes. Não existem dúvidas que saúde e educação são fundamentais para uma população, investimentos em escolas e hospitais são significativos e importantes, mas é necessário melhorar as relações dos homens com a cidade para que o trabalho dos estabelecimentos educacionais e de saúde seja facilitado. 

            Isso parece algo óbvio. Melhorar a relação do homem com a natureza e criar espaços saudáveis de sociabilidade são receitas adotadas em todo mundo para melhorar a vida das populações urbanas. No entanto, parece que isso não faz parte dos interesses locais. Assim, o descaso com a Prainha de Três Lagoas abre espaço para duas tristes hipóteses: 1) não existe investimento e manutenção pelo fato do espaço não ser controlado pelos grupos empresariais que dominam o circuito turístico oficial e; 2) o perfil da população que atualmente utiliza da estrutura existente não garante o retorno financeiro esperado pelos administradores locais, logo não há interesse econômico em manter o balneário.

            Evidentemente que as duas explicações podem coexistir. No entanto, enquanto o abandono prevalece, o espaço mal utilizado vai gradativamente piorando suas condições. Enquanto isso circula na comunidade iguaçuense, no interior das mais diferentes classes sociais, os comentários referentes aos esforços necessários em ampliar o tempo de permanência do turista em Foz do Iguaçu e a necessidade urgente de ampliar a estrutura de lazer de uma população que, de maneira geral, é carente de cultura, de educação e de espaços apropriados para a sociabilidade.

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