quarta-feira, 18 de maio de 2011

Celebrações e reivindicações marcaram festejos de Bicentenário paraguaio

Karol Assunção
Jornalista da Adital
Adital

Danças e festas populares tomaram as ruas paraguaias nos dias 14 e 15 para comemorar os 200 anos de independência do país. Entretanto, não foram apenas as celebrações que marcaram os festejos do bicentenário. Enquanto uns comemoravam, outros chamavam atenção e lembravam os diversos problemas e violações ocorridos no país ao longo desses anos.
Um dos grupos que se manifestou de forma crítica às comemorações foi a Coordenadora Nacional de Organizações de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Indígenas (Conamuri). Em um comunicado, a organização comentou que não há razão para comemorações.
"Como festejar 200 anos de – independência nacional – quando as populações indígenas se encontram abandonadas a sua sorte, expulsas de suas terras pelos monocultivos de soja, sem os serviços básicos de luz e água para viver dignamente?”, questionou, lembrando ainda outras violações ocorridas no país, como violência contra a mulher e criminalização dos protestos populares.
De forma semelhante, a Federação pela Autodeterminação dos Povos Indígenas (Fapi), em comunicado, comentou sobre a exclusão e o desrespeito aos direitos das populações indígenas do Paraguai.
"Como poderíamos nos sentir convidados a ser participantes da celebração do Bicentenário quando a sociedade paraguaia e suas autoridades não têm reconhecido na prática nossa condição humana e não assumem responsabilidades ante as violações quase irreparáveis aos direitos fundamentais dos povos indígenas que se expressam cotidianamente em múltiplos casos que afetam comunidades e povos inteiros?”, perguntaram.
Desmatamentos, despojos territorial, cultural e socioambiental, violências. Essas são apenas algumas situações enfrentadas pelos indígenas no Paraguai, os quais ainda têm de lidar com a impunidade. No comunicado, divulgado no dia 12 de maio, Fapi apontou, entre outras questões, a falta de interesse do Ministério Público em terminar com celeridade as investigações de crimes que afetam os indígenas.
"(...) somam-se resoluções judiciais de várias circunscrições de nosso país que permitem o cultivo e a colheita de soja transgênica em comunidades indígenas, fatos ilegais cuja ação principal é violentar a todos os membros das comunidades afetadas, pois suas resoluções ordenam presença policial que causam enfrentamento e poderia ocasionar perdas da vida humana”, acrescentou.
A organização ainda ressaltou a produção do documento "Propostas de Protocolo para um Processo de Consulta e Consentimento com os Povos Indígenas do Paraguai”, realizado com o objetivo de ajudar na discussão sobre os direitos dos povos indígenas, e pediu ao Parlamento paraguaio a adoção da "Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas” como lei nacional.
Festejos passam, reivindicações ficam
Notícias dão conta de que milhares de pessoas foram às ruas para comemorar os 200 anos da independência paraguaia. Além da população local, os festejos contaram com a presença de delegações de 41 países e dos mandatários da Bolívia e do Uruguai. Ontem (15), o presidente paraguaio, Fernando Lugo, encerrou as celebrações oficiais do Bicentenário pedindo a unidade da população paraguaia.
Os festejos, entretanto, não acabaram com os problemas dos povos excluídos no país. De acordo com informações de agências, atualmente Paraguai possui 496 comunidades indígenas reivindicando suas terras. Além disso, somente 2,5% da população indígena têm acesso à água potável e 9,7% à energia elétrica.
Com informações de Telesur, EFE e Servindi



Nenhum comentário:

Postar um comentário