Foi noticiado ontem (26/05) na mídia nacional que um aluno de Curitiba teria sido retirado do colégio ao qual estuda algemado por Polícias Militares. Este aluno tem 20 anos de idade e cursa o Ensino Médio Regular no período noturno. Segundo consta, o vice-diretor do estabelecimento de ensino solicitou a presença dos policiais por mau comportamento do aluno, o qual foi retirado de sala, em aula, e preso por suposto desacato a funcionário público. Vídeo feito pelos próprios alunos mostra a indignação de uma professora que acompanhou o episódio.
Antes de prosseguir com a reflexão, lembremos de uma musica da banda Titãs que diz: “Dizem que ela existe pra ajudar, Dizem que ela existe pra proteger, Eu sei que ela pode te parar, Eu sei que ela pode te prender, Polícia! Para quem precisa?”. A partir desta canção surge uma pergunta: Aluno indisciplinado é caso de Polícia? Essa pergunta se refere exclusivamente a mau comportamento. Sabemos que no ambiente escolar ocorre eventualidades que de fato são competências da polícia, como pessoas com porte de arma dentro da escola, traficantes que usam o espaço escolar para venderem drogas, ameaças de mortes, entre outros tantos casos. Entretanto buscar auxílio policial para resolver questões pedagógicas nos parece algo exageradamente equivocado.
Questões de indisciplina poderiam ser resolvidas pela própria instituição de ensino que tem competência para tanto, sem contar que no regimento escolar está previsto medidas sócio-educativas que podem ser tomadas nestes casos. O problema de ter atitudes precipitadas como esta, é que coloca desnecessariamente um jovem em formação em condições de constrangimento, afinal, sair de uma escola algemado, colocado em viatura policial, ficar 3 horas preso por razões como a apresentada, nos parece atitude bastante radical e inadequada para um ambiente socializador.
A crítica realizada neste texto refere-se à falta de bom senso utilizado pela direção do estabelecimento que talvez pudesse ao menos esperar a aula terminar, chamar o aluno para uma conversa e a partir disso aplicar as medidas adequadas a esta situação. Até podemos culpar os policiais pela inadequada forma de abordagem frente a um estabelecimento de ensino, todavia, cabe-se ressaltar que policiais militares não possuem uma formação pedagógica para agir nestes casos, pois se possuíssem, não sairiam algemando ninguém dentro de uma escola. E outra coisa, lugar de policial não é na escola, a menos como mencionado, em caso que exige sua presença efetiva.
Para finalizar esperamos que este caso sirva de exemplo a não ser seguido, pois é função da equipe pedagógica resolver questões como esta, além disto, buscamos com este texto criar um ambiente de discussão sobre a real necessidade do Programa Patrulha Escolar, criado pelo governo do Estado em 2004 ao qual é utilizado por algumas direções de forma indiscriminada. Em paralelo com essa análise colocamos link de um texto feito por Cátia Ronsani Castro, algum tempo atrás, ao qual faz uma reflexão sobre o tema Polícia na escola.
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