segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Considerações Gerais sobre as Eleições

            O bacana do período eleitoral é a alimentação de um conjunto de reações pouco experimentadas ou observadas durante a cotidianidade e isso não é uma referência exclusiva aos aspectos emotivos despertados pela vitória expressiva de “artistas” e de “fichas sujas” em todo território nacional. A expectativa de uma eleição monótona, unilateral, composta por um discurso amorfo, sem a clareza necessária para a distinção dos discursos da oposição e da situação, foi cautelosamente minada, alimentando esperanças no fortalecimento e no amadurecimento de outras vias políticas. Neste contexto, é relevante o esforço de mapearmos alguns movimentos ideológicos surgidos ao longo das diferentes campanhas.
            Quando todos esperavam uma vitória esmagadora da situação, surgiu pelas laterais discursos diferenciados, conquistando votos, estendendo o pleito para além do primeiro turno e balançando a arrogância daqueles que comemoravam a vitória antecipada como um título esportivo. Marina Silva (PV), com o discurso ecocapitalista, arrebanhou 19.636.000 de eleitores e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), com o discurso ecosocialista, outros 886.800. Em um primeiro momento pode-se acreditar que o grande beneficiado disso tudo foi José Serra (PSDB), obtendo 33.130.514 votos, viu cair em suas mãos à possibilidade de ir para o segundo turno. Entretanto, acreditamos que na verdade a maior das vitórias foi da democracia.
            As eleições representaram à fuga da mesmice. Dilma e Serra, com dificuldades em apresentarem programas de governo bem estruturados acabam aproximando discursos e práticas liberais. Marina, mergulhada na moda ambiental que colore o globo terrestre nas inúmeras e assustadoras previsões da crise ambiental, surge como uma promessa para aqueles que querem salvar o planeta sem deixarem de consumir de forma compulsiva, enquanto que o Plínio nos fez lembrar o PT da década de 1980, do pseudosocialismo de transição. Por fim, a fragmentada esquerda, composta pelo PSTU, PCB e PCO, terminou o pleito com a promessa de união e de construção de uma frente socialista de oposição que não se restrinja as eleições. Assim, podemos acreditar que bons ares foram soprados.
            Quanto ao resultado de forma mais concreta, as expectativas não são as melhores. A existência de um segundo turno para a presidência irá exigir do PSDB um direcionamento mais claro de sua campanha, vinculando o seu nome à herança de Fernando Henrique Cardoso e defendendo a diminuição das responsabilidades do Estado. Por parte da Dilma, a única coisa que podemos esperar é um aumento no expediente de trabalho do Presidente Lula. No Paraná a vitória de Beto Richa (PSDB) fomenta receios sustentados pelo espaço que poderá ser cedido aos privatistas do grupo Lerner e também pelas lembranças do último presidente inovador e salvador, que ganhou as eleições presidenciais prometendo um choque de gestão. Por fim, não há muito para se falar sobre Foz do Iguaçu. Como em tantas outras eleições, a fragmentação e a defesa de interesses pessoais foram vitoriosas e mais uma vez ficamos mal representados. Reni Pereira foi o único deputado estadual eleito e para federal preferimos não comentar...

Um comentário: