terça-feira, 5 de outubro de 2010

Refletindo a integração nas Três Fronteiras


Foz do Iguaçu é caracterizada pela peculiaridade de ser uma cidade cosmopolita, que a converte em espaço transnacional. Essa região rica em recursos naturais e culturais, onde se destaca a grande diversidade oferecida pelos imigrantes, possui entre suas características, vista principalmente sob as relações capitalistas, a grande desigualdade social originada no processo de acúmulo de capital. A globalização vem se expressando por meio de um novo esquema que busca fortalecer as relações comerciais internacionais, dando lugar à formação de blocos econômicos que possibilitem o estreitamento das relações políticas e econômicas, como é o caso da Associação do Livre Comércio da América do Norte (Nafta), do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e da Associação de Livre Comércio das Américas (Alca). Nesse sentido, essa internacionalização de capitais cria espaço para a integração dos processos produtivos, do mercado consumidor e do mercado de trabalho.
            No entanto, a tão falada integração do Mercosul e mais precisamente das Três Fronteiras, apresenta-se apenas em suas intenções políticas e econômicas, pois ao olharmos para o lado constatamos a acentuação da precarização do trabalho. As diversas modificações que atingem a sociedade, envolvendo as condições atuais de exploração do trabalho humano, determinam o crescimento do trabalho degradado e subterrâneo, pois ao indivíduo excluído dos processos produtivos resta o desenvolvimento de outros mecanismos para garantir a sobrevivência. Assim, é perceptível a necessidade de uma legislação que ampare o trabalho dessas pessoas e garanta uma melhor distribuição de renda na região. Não suficiente, complementando tal situação, as explorações do trabalho infantil e da prostituição têm levado muitas jovens e mulheres a atravessarem as fronteiras em busca de ocupação e renda.
            A falta de compreensão e atenção dada aos aspectos culturais e sociais soma-se ao desinteresse e a realidade cruel vista nas três fronteiras, onde os governos não atendem as necessidades básicas de sua população, que se obriga a recorrer aos recursos de outro país para o atendimento na área de saúde, por exemplo. Não há discussão nem planejamentos que demonstram preocupação no desenvolvimento de tais questões, como conseqüência a violação dos direitos humanos cresce a cada dia, ampliando as condições subumanas vivenciadas pela população regional. Se o capital é internacional ele necessita ser gerenciado na mesma esfera, logo a resistência a suas práticas e a construção de alternativas também não devem ser restritas ao local, mas refletir os interesses de toda região fronteiriça.

2 comentários:

  1. Concordo com a posição exposta. Tanto se fala sobre união e integração na fronteira, mas pouco se faz para isso. Não suficiente, também não adianta fazer algo sem que o esforço reflita as contradições da região. A primeira articulação necessária na região é a de classe, os trabalhadores das três fronteiras precisam desenvolver a idéia de que é preciso uma luta conjunta para superar os problemas vivenciados cotidianamente na região, cobrando medidas mais práticas e combativas dos sindicatos e políticos.

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  2. Em nome da equipe da Fronteira Zero venho agradecer pelo comentário, que é muito pertinente. Com o blog e outras formas de comunicação, estamos tentando articular para que desenvolva essa ideia de integração e união entre os países e que haja mais participão entre os trabalhadores e movimentos sociais para que realmente aconteça uma mudança de conjuntura nas três fronteiras.

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