Em virtude da necessidade ou qualquer que seja o motivo, várias coisas são feitas contra a regra. A necessidade torna lícito o que era ilícito e serve como justificativa para uma transgressão de direitos.
Começamos com uma reflexão de Giorgio Agamben, autor do livro Estado de Exceção, que busca compreender como ocorre a supressão de direitos individuais pelas democracias modernas realizadas através do próprio direito.
Desta forma, aproveitando o post de ontem, acreditamos que a afirmativa acima seja bem pontual para o tema mais discutido em todas as mídias nesta semana, a tomada dos morros no Rio de Janeiro.
Diante de toda a repercussão desse assunto, um dos maiores problemas está associado ao fato de que só foram tomadas atitudes de grandes proporções como estas a partir do momento que os traficantes pisaram no calo das classes média e alta.
Ou seja, enquanto o tráfico era tolerado, - até por que fazia às vezes do Estado e não atrapalhava o satisfatório desenvolver das atividades dos "além-morro" -, acreditava-se haver uma certa harmonia nisso, o que é evidentemente falsa.
Aproveitando essa oportunidade, queremos destacar, sem condenar ou aplaudir, que em momentos delicados como este toda a atitude tomada ou opinião dita deve ser meticulosamente pensada e repensada.
O que se quer chamar a atenção é que nesse tipo de medida de urgência são atropeladas inúmeras garantias constitucionais. Adentram em residências e prendem suspeitos, já os trancafiando logo em seguida em penitenciárias de segurança máxima em outros estados, tudo sem as devidas observações dos procedimentos legais. Fato este que só favorece a defesa daqueles que realmente deveriam ser presos, pois geram inúmeras nulidades no processo, facilitando a defesa não do mérito da causa, mas a processual, que geralmente é feita para que ocorra alguma forma de prescrição da pretensão punitiva.
É necessário levar em consideração que não se deve nestes casos utilizar como palavra de ordem a máxima de Maquiavel em que "os fins justificam os meios", pois podemos nesta atitude estar ignorando todo o estatuto jurídico dos indivíduos, conquistados ao longo dos séculos, produzindo, dessa forma, um ser juridicamente inominável e inclassificável.
Portanto, gostaríamos que o leitor refletisse que coisas do tipo acontecem todos os dias, e que cabe a todos observar com atenção para não aceitar que atitudes de emergência acabem se tornando regras, para que fatos isolados não se tornem corriqueiros.
Violações de de Direitos individuais. Isso tava na cara que ia acontecer
ResponderExcluirhttp://g1.globo.com/rio-de-janeiro/rio-contra-o-crime/noticia/2010/11/moradores-denunciam-possiveis-abusos-de-policiais-no-alemao.html